Defensoria auxilia mulher a buscar o bebê recém-nascido do pai agressor
“O desejo natural pelo amor se esvai nos primeiros indícios de violência, abuso e desrespeito. Em alguns casos, por esperança ou medo de romper o ciclo, a vítima tenta resistir”. O relato da defensora pública e supervisora do Núcleo de Enfrentamento à Violência Contra a Mulher (Nudem), Jeritza Braga, desenha a realidade vivenciada por S.T., 20 anos. Ela, que já era mãe de um filho de 2 dois, decidiu tentar um novo relacionamento e o que eram flores, mudou com a ida para o interior, buscando uma nova chance profissional, mas longe dos familiares.
O ex-companheiro passou a ter um comportamento ríspido com ciúme excessivo que dizia justificar a agressão física. Após dezoito meses, ela envergonhada e acreditando na remissão dele, ficou grávida. Mas, com bebê recém-nascido, não suportou mais as violências em que estava submetida. A mulher já não conseguia mais dormir, nem se alimentar. Calar suas dores e se submeter ao ambiente tóxico e violento estava deixando-a doente também psicologicamente. “Quando nos mudamos fiquei totalmente isolada, sem telefone não tinha como falar com minha família. Foi quando fui ter meu filho, ainda no hospital, que conseguir ligar e contar o que estava acontecendo. Falar com eles me deu forças, me fez acreditar que eu poderia superar tudo isso”. No início do mês de julho, criou coragem e veio de volta pra Fortaleza, mas o ex companheiro não deixou ela trazer seu bebê de apenas três meses.
Com apoio da família, registrou boletim de ocorrência na Delegacia da Mulher e recorreu ao Nudem para dar entrada na ação de Regularização de Guarda e pedido de urgência de Busca e Apreensão do Menor. “Infelizmente não consegui trazer meu filho comigo de imediato, mas eu já estava pronta para lutar por mim e por ele. Cheguei aqui, fui acolhida pela minha mãe e minha irmã e fomos atrás da justiça para eu ter meu filho de volta”, desabafa.
Em pouco menos de 20 dias, obteve a ordem de busca e apreensão do menor, bem como o Termo de Guarda Provisória, o que permitiu que o pequeno Levi comemorasse seus quatro meses junto de sua mãe, em um ambiente de amor. “É um passo que nos desafia, mas que é preciso, pois onde há violência e abuso não há vida. Todas nós merecemos viver e em paz. Agora é renovar. Quero cuidar do meus filhos, trabalhar , dar a volta por cima e reestruturar a minha vida”.
“Sempre que uma mulher consegue romper um ciclo de violência é uma grande vitória, pois sabemos que existem muitos sentimentos e questões que implicam por diversas vezes em um resistência das vítimas em denunciar”, comemora a defensora pública.
O processo de busca e apreensão de menor é indicado para os casos onde a criança foi levada ou está com o genitor(a) que não possui a guarda judicialmente regulamentada e se recusa em devolvê-la. Também está indicada quando a situação envolve tal atitude por parte de terceiros – que não sejam seu pai ou sua mãe. “No caso dela, o apoio veio da família que encorajou ela a lutar contra o que estava vivendo. Mesmo assim ela teve que deixar o seu bebê de três meses, pois o ex-companheiro não deixava que ela o trouxesse e tampouco imaginava que ela não retornaria. De imediato, entramos com a ação pedindo a guarda unilateral e busca e apreensão do menor. Em curto prazo tivemos decisão do juiz solicitando expedição da carta precatória e ela pode ir resgatar o seu filho. É isso que nos move, essa luta por assegurar o direito dessas mulheres à proteção e de reconstruírem suas vidas”, destacou a defensora.
Jeritza explica ainda que para permanecer no domínio da vítima o agressor busca diversos meios para afetá-la. “Não ter deixado o filho vir com ela, era uma forma de continuar manipulando-a, em uma tentativa de assegurar que ela voltaria. É comum, pelo momento de desespero, pela falta de informações de como proceder e onde buscar ajuda, que muitas mulheres acabem retornando para o laço de violência. Por isso a importância de fortalecermos cada vez mais esse assunto, expondo os canais de atendimento para que esse contexto cruel não faça parte da vida das mulheres”, pontua Jeritza Braga.
Serviço:
Núcleo de Enfrentamento à Violência Contra a Mulher – Nudem Fortaleza
Celular: (85) 3108-2986 – 8h às 17h
E-mail: nudem@defensoria.ce.def.br
Atendimento Psicossocial
E-mail: psicossocial@defensoria.ce.def.br
Celular: (85) 98560-2709 – 8h às 14h / (85) 99294-2844 – 11h às 17h
Região do Cariri
Crato
Celular: (88) 99975-9586
E-mail: crato@defensoria.ce.def.br
Atendimento Psicossocial
Celular: (88) 98842-0757 (de 8h às 14h e de 11h às 17h)
E-mail: psicossocial@defensoria.ce.def.br
Juzeiro do Norte
Celular :(88) 99656-8746
E-mail: peticaoinicialdefensoria@gmail.com.br
Celular: (88) 98832-8305
E-mail: juazeiro@defensoria.ce.def.br
Atendimento Psicossocial
Celular: (88) 98842-0757 / 99934-8564 / 99680-8667
Central de Atendimento à Mulher em Situação de Violência – Ligue 180
Polícia militar – Ligue 190
Delegacia da Mulher em Fortaleza – 3108


