Psicossocial registra aumento de 78% nos atendimentos do primeiro semestre
A pandemia do novo coronavírus (Covid-19) colocou a população em um cenário de alerta, preocupação, estresse e sensação de falta de controle frente às incertezas do momento, agravando ainda mais o estado de vulnerabilidade social. Desde o início do isolamento, o setor do Psicossocial da Defensoria Pública Geral do Estado (DPCE) tem sido uma porta de entrada e acolhimento das demandas da população, alcançando números expressivos na assistência dos cearenses.
Só no primeiro semestre deste ano, o setor registrou 19.102 atendimentos feitos pelas equipes multidisciplinares de Fortaleza e núcleos interioranos em atendimentos por ligações, mensagens de Whatsapp ou e-mails. O número representa aumento de 78% em relação ao mesmo período do ano passado e 52% dos atendimentos de 2020 inteiro, quando aconteceram 10.707 atuações.

A coordenadora do serviço, psicóloga Andreya Arruda Amendola, avalia o incremento. “Nossos assistidos e assistidas, que já vivenciam severas ausências de direitos fundamentais, se viram atribulados em um misto de sentimentos e sem saber lidar com tanta ansiedade, tensão, insegurança e ainda vigilância dos sintomas da doença. As relações familiares foram prejudicadas, o planejamento financeiro, as condições de saúde, enfim, uma soma de fatores que resultou em abalos emocionais importantes.”
As práticas do psicossocial da Defensoria envolvem escutas humanizadas desde os atendimentos iniciais e acompanhamentos de caso, bem como encaminhamentos internos e externos para redes de apoio, visitas institucionais, atividades de grupo e participações nas audiências de conciliações/mediações.
S.G. B, de 36 anos, encontrou no serviço da DPCE o apoio para lidar com problemas comportamentais e de dependência química do filho de 15 anos. “Quando se trata de situações que envolvem nossos familiares, tudo fica mais doloroso. Ter um lugar que nos ofereça apoio, suporte e orientação correta é um refrigério. Desde o primeiro momento que recorri ao atendimento do psicossocial da Defensoria, as profissionais têm me ajudado e explicado como eu devo proceder. Minha luta é pela internação do meu filho, para que ele possa ter a oportunidade de ter um acompanhamento especializado e poder ressignificar a vida. E eu acredito que vamos conseguir!”, acredita a mãe.
O que antes exigia deslocamento, gasto com alimentação, retirada de senha e espera foi otimizado pelo formato remoto. “Nos reinventamos. Acredito que essa palavra vem alicerçando toda a estrutura da Defensoria Pública. Um novo modelo de atendimento surgiu para que os cidadãos continuassem tendo acesso à instituição. Os canais online facilitam o compartilhamento das demandas, o que também justifica a ampliação de demandas”, menciona Andreya.
O setor também é porta de entrada de histórias inspiradas noutras histórias. Foi assim que aconteceu na família de Rozângela do Nascimento, de 35 anos. Ela escolheu ser mãe de um menino de apenas um ano e meio de idade. O fato se deu quando ela conheceu o atual marido, que já tinha um filho, Lázaro, com quem morava. Desde então, a convivência se iniciou com muito amor, respeito e companheirismo.
Ela conta que ao assistirem à notícia sobre o caso de Angelo Ravel Nunes de Sousa, o menino de nove anos que escreveu uma carta expressando seu desejo de ter o nome do padrasto, Lázaro, hoje com 18 anos, disse que queria ter em sua certidão o nome da mulher que considera como sua mãe. Não queria ser mais “apenas” Lázaro Silva Martins Vieira. Sentia vontade de ter um sobrenome a mais. O da mulher que o criou. A mãe de verdade.
“Sempre que me perguntavam sobre o nome da minha mãe, eu não ficava bem porque de fato o nome que consta em meus documentos não é o da mulher que realmente me criou e esteve presente durante todos esses anos da minha vida. O caso do Angelo me motivou a ir atrás disso e já estamos no caminho para que logo mais o meu registro conste o nome da mãe que me escolheu, por amor, como filho”, relata o rapaz.
Rozângela divide a alegria de ser reconhecida oficialmente como mãe. “Me sinto feliz pela vontade dele, porque também é a minha. Ele é meu filho. Sempre estive presente na escola, nos médicos, nas atividades de lazer, na hora de dar bronca, de chamar para conversar. Então, conseguir formalizar no documento será muito gratificante para nós. O psicossocial nos deu todo o suporte, com uma escuta super humanizada, atenciosa e nosso processo já se encontra em andamento! Logo logo estaremos comemorando”, compartilha.
Por vezes, o setor recebe solicitações e, ao final da triagem, é percebido que, atrelado à demanda Jurídica, existe a essencialidade de uma escuta qualificada. “A saúde mental nunca foi um tema tão em alta. A pandemia realmente trouxe a necessidade de termos um olhar ainda mais empático, com atitudes de disposição a acolher a dor do outro. Acompanhar a evolução do setor nos deixa bastantes satisfeitos, pois comprovamos que as pessoas estão conseguindo chegar à instituição e encaminhar seus pleitos”, ressalta a coordenadora Andreya Arruda.
SERVIÇO
ENTRE EM CONTATO COM O PSICOSSOCIAL DA DEFENSORIA
Direitos da mulher: (85) 98560-2709 (8h às 14h) e (85) 98947-9876 (11h às 17h)
Direitos da pessoa presa: (85) 99171-7476 (8h às 14h) e (85) 98163-3839 (11h às 17h)
Direitos da Infância e Juventude: (85) 98895-5716 e 3275-7662 (8h às 17h)
Atendimento inicial da Defensoria (família e cível): (85) 997310293 (8h às 14h) e 988664520 (11h às 17h)
Adolescente em Conflito com a Lei: (85) 98616-8765 (8h às 14h) e (85) 98400-5994 (11h às 17h)
Cariri: (88) 98842-0757 ou 99934-8564 ou 996808667
E-mail: psicossocial@defensoria.ce.def.br


