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Janeiro Branco: A importância de cuidar da saúde mental

Janeiro Branco: A importância de cuidar da saúde mental

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Após anos de luta para provar a inocência do irmão, acusado de estupro e preso por meia década, a autônoma de 45 anos viu, enfim, o caçula deixar a penitenciária e acabarem as visitas semanais aflitivas. As sequelas de viver o medo constante de ele não sair e a revolta por uma prisão injusta somaram-se a um novo sentimento: a angústia de lidar com os traumas de uma separação a fórceps, e que pareceu durar uma eternidade. Sequelas psicológicas difíceis de alcançar por quem não as carrega.

Preso e família nasceram na mesma dor. A da espera para voltar a uma normalidade possível. Algo até hoje, 18 meses depois da soltura, ainda não alcançado. “Era uma situação muito delicada. Foi um período de muita angústia porque a gente só conseguiu provar a inocência dele depois de muito custo. Era como se a gente tivesse se perdido. A gente ficou muito desorientado. Saía de lá [das visitas] sempre com um sentimento de derrota”, lembra a irmã.

Enfrentar o que representou tudo isso só foi possível porque a autônoma teve coragem de pedir ajuda. Decidiu falar para encontrar alguma cura. Atendeu a um chamado da psicoterapia que este mês, intitulado Janeiro Branco, voltado à divulgação da importância de cuidarmos da saúde mental, fica ainda mais evidenciado: “quando a boca cala, o corpo fala; quando a boca fala, o corpo sara”. Com o irmão já assistido pela Defensoria Pública do Estado (DPCE), ela procurou o serviço psicossocial.

Queria orientação para algo que não enxergava saída. “Foi uma ajuda de suma importância porque ele tinha acabado de sair de um ambiente que não era dele e não entendia o que estava se passando, assim como eu, de certa forma, porque passei por tudo isso e também me abalei. Mas o psicossocial estava sempre ali, orientando. Está até hoje, na verdade. Porque sempre que a gente está passando por algo eu procuro o pessoal. A gente está bem melhor; meu irmão está melhorando. Não posso dizer que ele está 100% porque ele ainda tem pesadelos. É como uma ferida: vamos tratando aos poucos”, ensina.

Assim como a autônoma de 45 anos, milhares de pessoas atravessam dramas individuais e familiares e precisam de ajuda especializada para a lida adequada com os sentimentos. Ainda mais em meio ao estresse de uma pandemia, como coletivamente impôs o novo coronavírus (Covid-19). Tudo fica à flor da pele, relações se esgarçam e situações antes simples podem se tornar extremadas. Cuidar da saúde mental, então, vira, mais do que nunca, necessidade.

Só o serviço psicossocial da DPCE registrou 27.153 atendimentos no ano passado. Junho e julho, em meio ao isolamento social, foram os meses com maior procura: 3.445 e 3.436 atendimentos, respectivamente. De maio, quando o isolamento tornou-se rígido em algumas localidades, para junho, o aumento nas demandas foi de 59,5%. Saltou de 2.159 atendimentos para 3.445 atuações das equipes interdisciplinares.

“Ainda existe muito preconceito quando alguém diz que vai ao psicólogo. O medo de ser tachado como alguém fora do que a sociedade determina como um “padrão”. E a rede social também colabora um pouco com isso porque você tem que vender que está bem, tem que estar o tempo todo sorrindo, tem que ter a melhor foto… Mas, na verdade, ir ao psicólogo e fazer terapia é um passo que se dá para o autoconhecimento”, alerta a coordenadora do serviço psicossocial da DPCE, psicóloga Andreya Arruda Amendola.

Ela reforça que o Janeiro Branco existe não para cuidarmos da saúde mental apenas no primeiro mês do ano. É uma forma de evidenciar o quão estratégico é o papel das emoções na rotina de qualquer pessoa. “Muita gente associa a terapia ao “ter algum problema”. Ou só inicia a terapia quando algum problema surge. Mas, na verdade, você pode é previnir que coisas aconteçam. As terapias são um processo. Você vai se conhecendo, se aprimorando. Você aprende a se amar, a se aceitar. Nós somos seres mutáveis, em construção. Por isso, autoconhecimento é fundamental para você ter equilíbrio na vida. Porque ninguém é 100% em tudo”, frisa a psicóloga.

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