Posso ajudar?
Posso ajudar?

Site da Defensoria Pública do Estado do Ceará

conteúdo

Novos defensores assumem compromisso com movimentos sociais de lutar ao lado deles em solenidade de posse popular

Novos defensores assumem compromisso com movimentos sociais de lutar ao lado deles em solenidade de posse popular

Publicado em

A Defensoria Pública do Estado (DPCE) realizou nesta quinta-feira (21/1), Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa, a posse popular dos quatro novos membros da instituição. Recém-empossados pelo Egrégio Conselho Superior, Anderson Bezerra, Eduardo Veras, Mirian Araújo e Rafael Pereira foram hoje apresentados à sociedade civil organizada cearense, diante de quem assumiram o compromisso de trabalhar pelo acesso dos mais vulneráveis à Justiça e em prol dos direitos humanos. A solenidade contou com a presença da vice-governadora do Ceará, professora Izolda Cela, e da defensora geral do Estado Elizabeth Chagas.

Essa foi a nona cerimônia de posse popular promovida pela DPCE. A primeira em ambiente online. Trata-se de uma política institucional de reconhecimento à importância da integração da Defensoria com os movimentos sociais. “É muito salutar para mim que tenhamos escolhido para esta posse um dia de reafirmação de direitos humanos, o que demarca nossa posição na defesa aguerrida e que nos lembra este direito fundamental que marca a pluralidade do povo brasileiro. A Defensoria deve ouvir e levar em consideração a voz da sociedade civil. E é por isso que estamos aqui hoje. Não queremos mais silêncios impostos. Não seremos uma Defensoria emudecida nem emudecedora”, discursou a defensora geral Elizabeth Chagas.

Ela enalteceu a importância da atuação defensorial na amplificação da voz de minorias historicamente invisibilizadas. Negros, mulheres, crianças, população em situação de rua e tantas outras vulneráveis que, nesta pandemia, ficaram ainda mais expostas. “Não dá pra falar de direito se a gente não fala do direito à voz e não reconhece, sobretudo, o direito à fala. Então, a gente se coloca na responsabilidade de verdadeiramente mudar. E ouvir. Ouçam, se importem, usem a voz, trabalhem por esse povo que deposita toda a esperança numa instituição que existe fruto de luta. Estejam na arena da diminuição de marginalizados. Não precisa ser negro pra combater o racismo. Não precisa ser mulher pra combater o machismo. Não precisa ser defensor pra lutar por direitos. Mas que bom que somos. E não vamos silenciar”, acrescentou Elizabeth Chagas.

Izolda Cela qualificou o trabalho da Defensoria como fundamental ao sistema democrático brasileiro. “Acho a posse popular muito representativa. Além da atuação na prestação de serviço jurisdicional, a Defensoria vem cada vez mais expandindo sua ação para a defesa dos direitos das pessoas que mais precisam. E é uma ação sempre muito afirmativa. A Defensoria conquista esse crédito junto à sociedade. Sempre vejo na Defensoria uma presença de colaboração. É uma instituição que está na base de sustentação da nossa democracia, especialmente nesses anos. A gente tem nessas forças a possibilidade de superação”, disse

Em nome dos quatro empossados, a defensora Mirian Araújo classificou o momento como “simbólico e de grande significado”, já que em breve todos assumirão núcleos da DPCE no Interior e ficarão ainda mais próximos dos movimentos sociais. “Nosso reconhecimento e gratidão aos movimentos sociais, que sempre foram parceiros no combate às injustiças. A pandemia acentuou de forma drástica as desigualdades e reforçou a importância do papel da Defensoria, que tem atuado de forma admirável também através da Ouvidoria Externa, servindo de ponte com os assistidos. Que possamos ter empatia e simpatia por quem desistiu de sonhar”, afirmou.

Mirian ressaltou o papel da defensora geral e da ex-presidenta da Associação dos Defensores do Ceará (Adpec), Amélia Rocha, na articulação de aprovação da PEC sobre o teto de gastos da Defensoria mesmo em meio a um cenário econômico desfavorável. A medida imprimiu um ajuste fiscal positivo à DPCE e permitiu, dentre outras coisas, a posse dos últimos aprovados no concurso de 2014/2015.

Oriunda do movimento social negro e também empossada há quase dois anos em solenidade com participação popular, a ouvidora geral externa da DPCE, Antônia Araújo, ressaltou que é preciso defender o acesso dos mais vulneráveis à Justiça. “Se calarmos até as pedras gritarão. Temos que garantir que a Defensoria volte os olhos para a população”, disse, em consonância com a vice-presidente da Adpec, defensora Sandra Sá: “todo defensor que entra agrega à luta contra as desigualdades”.

Os dois principais parlamentos do Ceará, a Assembleia Legislativa do Estado e a Câmara Municipal de Fortaleza, foram representados na solenidade. Ambos atribuíram à Defensoria papel essencial inclusive na defesa da vida dos mais vulneráveis. “Pra muita gente, só se é possível acessar a Justiça pela Defensoria. São negros e negras, principalmente. Por isso, há uma necessidade imperiosa de ampliar a Defensoria, que é a mais aberta e hermética instituição do Sistema de Justiça. A única que tem um orçamento participativo. Nas vidas profissionais desses quatro defensores, nunca se esqueçam de onde vem a luta. A luta vem do mais pobre, do sem-teto, da mulher vítima de violência, do atravessado pela tortura institucional nos cárceres, do idoso, do que está sem moradia, daquele que passa fome”, afirmou o deputado estadual Renato Roseno (PSol).

“A gente espera que a Defensoria possa crescer cada vez mais em função do grande trabalho que realiza. Ela cumpre um papel fundamental também de atuar junto aos órgãos do Executivo cobrando a execução de políticas públicas. E me parece que o Executivo se sente muito mais motivado a dar respostas quando a provocação parte de um órgão como a Defensoria do que propriamente de nós, parlamentares. Por isso, me sinto honrada de poder contar com a Defensoria. Precisamos fazer frente contra as forças que estão destruindo direitos”, acrescentou a vereadora Larissa Gaspar (PT).

Todas as representantes das instituições da sociedade civil apontaram a atuação defensorial como imprescindível no Ceará, marcado pela desigualdade e pela extrema pobreza. “As vidas mais sofridas têm nome e cor. São as vidas negras e as vidas indígenas. E a presença dos defensores contribui para que essas pessoas tenham acesso a direitos previstos na Constituição. Podemos não ter Delegacia da Mulher, mas tem a Defensoria que acolhe essas demandas”, exemplificou Dulce Ludovina, da Cáritas de Crateús, no Sertão dos Inhamuns.

“Essa posse significa o fortalecimento dessa instituição vital. Nos anima e enche de esperança, especialmente em tempos tão sombrios. O Estado é injusto com toda a população sub-representada politicamente. Há um fosso social e racial mantido por esse estado cruel. Temos gente que sequer têm o direito de viver dignamente. Nossa expectativa é ver uma Defensoria cada vez mais ousada e capaz de buscar meios extrajudiciais para a resolução de conflitos, trazendo paz aos nossos lares, haja vista a falência do Judiciário. Estamos de punhos cerrados, prontos para a defesa da Defensoria”, acrescentou Valéria Carvalho, do Grupo de Valorização Negra do Cariri, no Sul do Ceará.

Já a representante da Pastoral Carcerária da Arquidiocese de Fortaleza, Regina Pereira, frisou a importância da atuação da DPCE no sistema penitenciário, muitas vezes em parceria com a Igreja, para denunciar violações de direitos de quem está sob a custódia do Estado. “A Defensoria é importante dentro do sistema. Lá é um lugar difícil de trabalhar. A Pastoral não assume como advogado para fazer a defesa do preso. Isso quem faz é a Defensoria. A gente só orienta e ajuda, porque lá dentro acontece todo tipo de tortura e, muitas vezes, a gente não pode fazer nada a não ser ir atrás da Defensoria. A gente precisa dessa parceria. E a Ouvidoria tem colaborado bastante”.

Para assistir à solenidade, clique aqui.